Neste post, saliento de maneira sintetizada, mais uma sequência de aulas práticas e teóricas, baseadas no método de Ensino por Investigação. O tema a ser discutido será o "Sistema Fundamental Vegetal - Parênquima, Colênquima e Esclerênquima ".
Primeiramente, iniciamos o conteúdo programático com as aulas práticas. Lançamos uma "Questão-problema" para os alunos, que imediatamente dividem-se em grupos para discutir e elaborar uma hipótese. Após, 10 minutos, cada grupo escreve na lousa a hipótese, e prontamente, partimos para a parte prática. Esse tempo pode variar, o fator determinante é a intimidade da turma com o método de ensino.
Nós professoras, pré-selecionamos as espécies vegetais para auxiliá-los na comprovação ou refutação da hipótese elaborada. Nesta sequencia utilizamos a beterraba (Beta vulgaris), o café (Coffea arabica), o pau-brasil (Paubrasilia echinata) e a Elodea.
Destaco aqui, que os alunos já tinham sido treinados anteriormente e sabiam usar corretamente as técnicas usuais em anatomia vegetal.
Roteiro de aula prática
Sistema Fundamental Vegetal
Instruções - Na aula de hoje, você vai focar a sua observação em células de três tecidos vegetais diferentes: parênquima, colênquima e esclerênquima.
Material básico:
Lâmina, lamínula, gilete, pincel, papel de filtro, vidro de relógio
Hipoclorito de sódio 50%
Azul de astra 1% acquoso
Fucsina 1% acquosa
Folhas de Beta vulgaris, Coffea arabica, Paubrasilia echinata e Elodea sp
Procedimento experimental:
1- Retirar um pedaço do terço médio da folha
2- Fazer cortes transversais o mais fino que puder
3- Separar os cortes mais finos para um vidro de relógio contendo hipoclorito de sódio
4 - Quando os cortes ficarem brancos, transferi-los para outro vidro de relógio contendo água e lavá-los bem, retirando todo o hipoclorito
5- Transferir os cortes para uma lâmina e pingar o azul de astra por 10 minutos.
6- Transferir o corte para outra lâmina e pingar a fucsina por 5 minutos.
7- Retire o excesso de corante com água
8- Montar os cortes em lâmina limpa com água.
9- Observe, desenhe e identifique as estruturas.
Para identificar esses tecidos nas lâminas que você vai preparar, observe:
1 – A morfologia das células que o compõem: - São isodiamétricas? Redondas? Mais altas do que largas? Formato irregular?
2 – A presença e localização dos cloroplastos
3 – É possível identificar vacúolos?
4 – Quantas camadas compõem este tecido? Uma ou várias?
5 – Como é a parede celular?
Fotomicrografias de secções transversais foliares de Beta vulgaris (A, B), Coffea arabica (C, D), Paubrasilia echinata (E) and Elodea sp (F) observadas ao microscópio óptico. A, C e F - Secções ao natural. B, D e E - Secções coradas com azul de astra e fucsina 1% acquosas.
Logo após, seguimos para as aulas teóricas com a apresentação e discussão do tema:
Breve resumo, para a resolução das questões apresentadas, síntese baseada no livro de "Anatomia Vegetal", organizado pelas Professoras Doutoras Beatriz Appezzato-da-Gloria e Sandra Maria Carmello-Guerreiro (2006).
SISTEMA FUNDAMENTAL
Parênquima; Colênquima; Esclerênquima
Função:
- Armazenamento,
- Suporte,
- Fotossíntese,
- Produção de substâncias defensivas e atrativas.
Distribuição:
- Encontrado em todos os órgãos da planta, formando um contínuo por todo o corpo vegetal: no córtex da raiz, no córtex e na medula do caule, no mesofilo foliar, nas peças florais, parte carnosas dos frutos.
- O parênquima pode existir como células isoladas ou em grupos (xilema, floema e periderme).
Características das células parenquimáticas
- São vivas e apresentam vacúolos bem desenvolvidos;
- Paredes primárias delgadas (celulose, hemicelulose e as substâncias pécticas);
- Campos primários de pontoação atravessados por plasmodesmas (comunicação celular);
- Células são descritas como isodiamétricas;
- Presença de espaços intercelulares formados pelo afastamento das células, espaços esquizógenos.
- O conteúdo varia de acordo com as atividades desempenhadas (numerosos cloroplastos, amiloplastos, substâncias fenólicas, etc);
- Podem reassumir características meristemáticas;
- Morfologia simples, porém complexas fisiologicamente;
- A cicatrização de lesões, regeneração, formação de raízes e caules adventícios e a união de enxertos, são possíveis devido ao restabelecimento da atividade meristemática das células do parênquima.
Tipo de Parênquima - Fundamental ou de Preenchimento
- encontrado na região cortical do caule e raiz, medula do caule, pecíolo e nervuras salientes foliares;
- apresenta células, aproximadamente, isodiamétricas, poliédricas, cilíndricas ou esféricas;
- vacuoladas;
- pequenos espaços intercelulares.;
- cloroplastos, amiloplastos, cristais, compostos fenólicos e mucilagem.
Tipo de Parênquima - Clorofiliano
- Órgãos aéreos dos vegetais;
- Células apresentam paredes primárias delgadas, numerosos cloroplastos e são intensamente vacuoladas.
Tipo de Parênquima - Reserva
- Atua como tecido de reserva, armazenando diferentes substâncias ergásticas resultantes do metabolismo celular.
Amilífero
- Parênquimas de reserva, o parênquima cortical e medular dos órgãos tuberosos e o endosperma das sementes.
Aquífero
- Células maiores e grandes vacúolos contendo água e citoplasma aparece como uma fina camada próxima à membrana plasmática
- Cactaceae, Euphorbiaceae e Bromeliaceae
Aerênquima: angiospermas aquáticas e aquelas que vivem em solos encharcados;
- Grandes espaços intercelulares, que pode ser encontrado no mesofilo, pecíolo, caule e nas raízes dessas plantas.
Colênquima
Distribuição:
- Cordões sob a epiderme de caules e pecíolos, margeando as nervuras foliares (eudicotiledôneas) e raro nas raízes;
Características das células colenquimáticas
- São vivas e podem conter ou não cloroplastos;
- Paredes primárias espessas (celulose, grande quantidade de água e substâncias pécticas) e brilhantes característica;
- Campos de pontoações primários;
- Espessamento irregular das paredes;
- Muitas mitocôndrias;
- Podem retomar a atividade meristemática.
Tipos de colênquima
Angular = as paredes mostram maior espessamento nos ângulos.
Lamelar ou tabular = as células mostram um espessamento nas paredes tangenciais interna e externa.
Lacunar = pode ter espaços intercelulares e quando os espessamentos ocorrem nas paredes próximas ao espaço é chamado lacunar.
Anelar = as células são isodiamétricas.
Esclerênquima
Características das células esclerenquimáticas
Função: suporte mecânico e defesa
- Ocorrência: ocorrem em faixas ou calotas ao redor dos tecidos vasculares, fornecendo uma proteção e sustentação;
- Podem também ocorrer como grupos celulares muito grandes nas cascas de frutos secos ou endocarpos de drupas, bem como nos envoltórios de sementes duras = ocorrem também nos tecidos parenquimáticos.
- Células não mantém seus protoplastos vivos na maturidade;
- Apresentam parede secundária lignificada, cujo espessamento é uniforme;
- Parede secundária: celulose, hemicelulose, substâncias pécticas e de 18 a 35% de lignina;
- Sua presença: camada protetora ao redor do caule, sementes e frutos imaturos evita que os animais e insetos se alimentem deles, porque a lignina não é digerida, sendo um mecanismo de defesa da planta.
Tipos de Esclerênquima
Esclereídes
- Células são muito curtas, com paredes secundárias muito espessadas e presença de numerosas pontoações (simples e ramificadas) = o tecido formado é muito rígido.
Tipos:
Braquiesclereídes ou células pétreas: isodiamétricas ex: fruto da pera (Pyrus)
Astrosclereídes: braços geralmente longos, como ocorre em folhas de Nymphaea e Trochodendron
Osteoesclereídes - quando tem a forma de osso;
Macroesclereídes - quando são alongados e têm uma forma colunar, como ocorrem nos envoltórios das sementes de ervilhas e feijões ("células em ampulheta");
Tricoesclereídes - quando apresentam uma forma semelhante a tricomas, como ocorre nas raízes de Monstera, entre outros.
Fibras
- As células esclerificadas que são longas e apresentam as extremidades afiladas, lume reduzido e paredes secundárias espessas recebem o nome de fibras.
- Servem como elemento de sustentação nas partes vegetais que não mais se alongam.
- Podem ser classificadas artificialmente como fibras xilemáticas e extraxilemáticas. O grupo de fibras extraxilemáticas, são assim denominadas porque ocorrem em outros tecidos que não o xilema.
Em seguida, os alunos revisam as afirmações preenchidas nas aulas práticas e voltam à hipótese, e assim a corrigem ou não. Finalizamos com uma discussão e assim, fechamos o conteúdo proposto.
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